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   Agitação de fim-de-semana... 

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   Feirante 

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   Olaria de Barcelos... 

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   Procura-se colaboradores! 

Tenho imensa dificuldade em encontrar em Barcelos pessoas com massa crítica dispostas a lutar por aquilo que acreditam. Aqueles que a têm não gostam ou não sabem escrever, pelo que as suas conjecturas geralmente acabam por não provocar qualquer efeito prático na sociedade Barcelence. Ainda há aqueles que vivem no conformismo e que acham que a sua voz de nada iria valer...

Assim, venho por este meio apelar à vossa participação neste blog. Procuro construir uma equipa coesa de cronistas, intelectuais e artistas Barcelences, dotados espírito crítico e criativo, de modo a transformar este blog numa referência da vida e cultura Barcelence.

Caso estejam interessados, por favor contactem-me através do email jmaferreira@hotmail.com.

   Barcelenses, uma raça em vias de extinção! 

Acho que até à passada segunda-feira nunca me tinha sentido tão envergonhado por ser Barcelense. Estou a falar concretamente do debate televisivo da RTP1 “Pros & Contras” onde Barcelos e a sua maternidade foram temas centrais de conversa.

Para os menos atentos, o debate foi sobre o encerramento da maternidade do Hospital de Santa Maria Maior de Barcelos. Alegadamente, o mesmo não possui condições técnicas, nem pessoal suficiente para poder operar em segurança, nem tão pouco partos diários suficientes que justifiquem a existência daquela unidade.

Barcelos apareceu representado pelo excelentíssimo Presidente Reis e por uma respeitável senhora doutora obstetra (cujo nome sou incapaz de pronunciar, de facto!) que ocupou um lugar de destaque entre os ilustres do painel.

Oh meus amigos, mas que grande embaraço que foi ouvir a senhora obstetra a falar. Com os nervos à flor da pele, mais parecia uma menina de 6 anos perante o reitor da escola após ter partido um vidro. A apresentadora do programa, apercebeu-se disso tão rapidamente que a impediu de falar, bem até ao final do programa. É que na televisão cada segundo custa dinheiro e sendo a RTP uma televisão estatal, parece-me justo não desperdiçar o dinheiro dos contribuintes de uma forma tão inglória.

E o nosso presidente? Oh meus amigos... mas que vergonha tão acentuada que senti. O dito trazia um conjunto de argumentos na algibeira que acabaram, todos eles, por lhe rebentar, literalmente, na cara. O primeiro de muitos foi:

- Barcelos não tem um número de partos suficiente para se manter aberto, mas há outras unidades que também não o têm e vão permanecer abertas. Porquê?

A questão do número de partos tem sido central em todo este debate. Sabendo que uma sala de partos custa ao estado 5000 euros por dia, é compreensível que na situação económica em que vivemos, é fundamental optimizar os gastos. Uma vez que há uma média de 2-3 partos por dia em Barcelos, cada um custa ao estado (i.e. a todos nós) cerca de 2500 euros. Para além disso, a razão pela qual Barcelos não tem o número de partos suficientes deve-se em parte à politica do presidente da câmara, que está mais preocupado em levar canos de esgoto até à casa-ilegal-mais-isolada-no-monte em vez de proporcionar condições de habitação, qualidade de vida e emprego para as camadas mais jovens se fixarem no concelho. O êxodo de Barcelos tem sido imenso. Caso não tenham reparado, quem vai estudar fora, raramente regressa.

Mas afinal, porque é que os hospitais que também não possuem o número mínimo de partos, vão permanecer abertos? A resposta é, porque o hospital mais próximo ou está sobrecarregado ou fica demasiado longe.

- Alguém que habite numa aldeia mais longínqua do centro de Barcelos pode demorar cerca de 40 minutos a chegar ao hospital de Braga.

Eu costumo dizer que há dois tipos de pessoas, aquelas e já trabalharam no Porto e as que ainda não! Toda a gente que já tenha enfrentado o trânsito de uma grande cidade sabe que demorar 40 minutos a chegar ao hospital central é, no mínimo, recordista. O argumento não é válido pois Barcelos está ligado a Braga por uma auto-estrada. Ir de Barcelos a Braga demora cerca de 10 minutos. Quem mora longe do centro, paciência, habitue-se! Há muitas outras coisas que lhe vão demorar muito tempo a fazer, como ir às compras, ao cinema, ao médico, comprar roupa, levar os filhos à escola... Viver no campo é um luxo, ou ainda não repararam nisso?

- O nosso hospital tem todas as condições necessárias!

É um facto conhecido de todos os profissionais de saúde, que existe uma grande escassez de pessoal técnico neste domínio. Os poucos que existem acabam por fazer serviço de tarefeiro em vários hospitais ao mesmo tempo. A solução passa portanto por centralizar esse pessoal num único hospital.

Apesar da senhora obstetra ter afirmado que o hospital de Barcelos possuía todos os meios necessários para operar em segurança, quem conhece a realidade sabe que isso não justo. A própria enfermeira do Hospital de São Marcos assim o confirmou durante a sua magnífica intervenção. Especialmente durante os meses de verão, o número de grávidas transferidas para o Hospital de Braga atinge valores disparatados.

Mudando de assunto e para finalizar esta crónica que já vai longa… e a claque que os intervenientes de Barcelos levaram para o programa? Meu Deus, que vergonha… foram necessárias várias ameaças de expulsão por parte da apresentadora de televisão para que os mesmos ganhassem consciência que não estavam a assistir a um jogo de futebol do Gil Vicente.

E no final? Depois do Reis ter tentado tudo que trazia no bolso… lança-se em acusações infundadas, tentado insinuar que a clínica privada do senhor-bem-alimentado-que-integrava-o-painel não possuía todas as condições necessárias para a realização de partos, nomeadamente, um anestesista, duas parteiras, dois médicos, uma sala de reanimação de recém-nascidos, etc. Ainda me lembro da resposta do senhor-bem-alimentado… sim, sim, sim, sim… temos.

E aquela intervenção superlativamente infeliz, de que o hospital iria fechar para alimentar o lobby das construtoras de Braga? Meu Deus… tamanha infelicidade. O Ministro da Saúde aplicou-lhe um puxão de orelhas tão grande que dá-me a impressão que ainda hoje o Reis as deve sentir bem quentes e vermelhas.

Está visto que estes senhores, habituados a nadar no aquário, pensam que podem ir para a televisão nadar junto dos tubarões sem fazer devidamente o seu trabalho de casa… oh meus amigos, mas que grande embaraço que aquilo foi…

   Novo logótipo da Câmara Municipal de Barcelos 


   Os galos invadem a cidade... 








...até que enfim...

   Como vai a sua lucidez, Sr. Editor? 

Ando preocupado com a sua lucidez, Sr. Editor do Folheto-Verde! Já não chegavam os habituais assaltos a “punto de pistola”, Fiats roubados e entrevistas de rua a barcelenses atrasados para o trabalho, temos agora que gramar com um novo tipo de gordura, agora em formato de crónica…

Desde algum tempo para cá, tem vindo a ser incluída uma rubrica assinada por uma hoste intitulada Orange City. Julgo tratar-se de um grupo de miúdos que pouco, ou nada, têm para dizer e que se exprimem no conhecido formato 160 caracteres. Deve ser do hábito… será que também escrevem assim nos testes da escola? E o seu blog? Já visitou? Eu já. Deu-me vontade de chorar…

Numa outra página, são apresentadas estranhas crónicas escritas pelo moço-dos-móveis sobre um mundo que ninguém conhece, pois apenas existe na sua mente esquizofrénica, alimentada a livros pseudo-qualquer-coisa, provavelmente impingidas pelo Sr. chinó-que-agora-já-não-é-chinó. Pergunto-me se alguém alguma vez conseguiu ler para além do segundo parágrafo… O primeiro a gente lê, e pensa – deve estar a aquecer, a seguir vai dizer alguma coisa… e então, ronhónhó, ronhónhó, ronhónhó… O texto não passa de um mar de citações desconexas sem o mínimo de solidez e desprovidas de significado, em suma, sem mensagem, sem conteúdo. Reconheço isso na poesia, mas mesmo nessa existe uma mensagem emocional que pretende ser transmitida. Será que aquilo é poesia e eu não vejo?! Bem, para os aventureiros que ultrapassaram o terceiro parágrafo, recomendo uma ida ao médico da caixa. Se forem cedo, lá para as sete horas serão atendidos antes das dez.

Depois temos a velhinha que não se cansa de nos dizer que tem demasiado tempo livre para deambular pela cidade à procura de caixotes do lixo que precisam de ser polidos, de pedras carregadas de marcas de pastilhas elásticas que precisam de uma lavagem, de flores mortas nos canteiros do jardim, pedras levantadas no centro da cidade, sei lá mais o quê... Compreendo a preocupação com as pedras levantas, um dia destes tropeça numa e nunca mais se levanta, mas sejamos realistas, não haverá nada mais interessante para resolver nesta cidade? E que tal o teatro Gil Vicente que está fechado desde que eu era pequenino (e ficava lá à porta a tentar perceber porque é que a menina italiana de coroa na cabeça que eu via na televisão aparecia ali com as mamas à mostra), e que tal o museu do rio que parece abandonado antes mesmo de ser inaugurado, pois está à espera das próximas eleições para uma apoteótica aparição (ahh, isto não era para dizer!). E que tal a existência de uma escultura de um Galo de Barcelos para atrair os turistas à nossa pequena cidade… afinal de contas eles vem os estúpidos galos em todo o lado e compram-nos como recuerdos para os seus entes sem sequer saber que Barcelos existe...

Depois temos as fotografias (más) que aparecem ao longo do jornal… Para quando contratar um fotógrafo a sério para fazer o trabalho? As fotografias publicadas são hediondas, fruto de amadorismo puro.

Peço desculpa aos leitores, hoje sinto-me um ligeiramente indisciplinado…

   Médicos, livrem-nos! 

Tenho vindo a assistir pacientemente a uma discussão mesquinha entre o famoso “Jornal Verde” e a administração do Hospital de Santa Maria Maior de Barcelos. Numa semana vem uma notícia a apontar um dedo crítico a determinado procedimento administrativo e na semana a seguir vem a resposta por parte da administração do Hospital. Ando um bocado farto de assistir a todo este correr de idiotices e por isso acho que devo acrescentar uma palavrinha.

Antes de mais, gostava de dar a minha opinião pessoal sobre essa classe de sanguessugas sociais à qual chamam “doutores” (na maior parte das vezes incorrectamente, pois serão poucos os médicos doutorados). Não passam de um bando de meninos do papá e da mamã sem inteligência suficiente para escolher uma orientação de vida e que, por isso, decidiram optar pelas dos pais. Isto significa duas coisas: ou seguiram o conselho dos papás em relação ao curso que deviam tomar (- Filho, vai para doutor, aí é que está o dinheiro!) ou então fizeram algo ainda mais idiota que foi, seguir a mesma profissão que eles (remando contra o bom senso da heterogeneidade profissional no interior de uma família).

Médicos com vocação, com espírito altruísta que trabalham em prole da comunidade existem, de facto, em Portugal, aí uns dois ou três.

Quero desde já salientar duas coisas, não falo por inveja, pois se quisesse tinha entrado em medicina sem problemas de maior (se fosse essa a minha cruz) e sei do que estou a falar pois possuo vários exemplos de sanguessugas desse calibre na minha família, bem como vários outros ligados à saúde não sendo, no entanto, médicos.

Vejamos então de que tipo de gente estamos a falar. Falemos dos médicos do centro de saúde, onde as consultas são tipicamente agendadas para as nove horas da manhã mesmo quando se sabe que os médicos apenas começam a aparecer por volta das dez. Pergunto-me, será que isto é para gozar com as pessoas doentes e sem grandes forças para reivindicar, ou trata-se de um impulso sádico que todos os médicos possuem devido a terem assistido a demasiados cadáveres dilacerados durante as aulas de anatomia?
E os preços praticados pelos médicos particulares?

- Senhor Dr. a minha filha anda com uma tosse!

- Ai sim? Tussa lá!

- Cof Cof…

- Bem, vou lhe receitar aqui uma coisinha que a vai por boa num instantinho…

E a mãe Maria lá se dirige à recepcionista que lhe cobra 50 euros pela consulta de 48 segundos, recepcionesta esta que ainda tem a lata de perguntar:

- Deseja recibo?

Após isso, lá vai a mãe Maria toda contente entregar a receitazinha ao farmacêutico (que não é, nada mais, nada menos, que outro menino do papá, mas que desta vez, não teve média suficiente para entrar em medicina e que, por isso, resolveu tirar um (re)curso que lhe abre portas para um profissão que se baseia essencialmente em ir buscar caixinhas à prateleira e trabalhar com uma caixa registadora) e desembolsar mais 25 euros para o antibiótico que o palerma do médico lhe receitou para curar a virose da filha (antibióticos e viroses não ligam muito bem, já dizia a minha professora de biologia do 9º ano).

Mas falemos antes do que interessa, ou seja, do que se passa de facto no Hospital de Barcelos. Os médicos que por lá trabalham deviam trabalhar das nove da manhã às cinco da tarde, no entanto, o que realmente acontece é que chegam às onze saem ao meio-dia. De tarde, nem sequer aparecem, pois vão dar uma mãozinha na clínica privada do amigo, conseguindo com isso ganhar mais uns cobres para pagar a casa de praia.

A administração do Hospital, a fim de inspeccionar o comportamento de alguns médicos tem vindo a pedir, serviço após serviço, os livros de ponto e a constatar que, existem médicos que nunca assinaram o dito cujo, ou pior ainda, que há médicos que já assinaram a entrada e a saída e que já não se encontram no perímetro do edifício hospitalar.

Outro tipo de medidas que têm vindo a ser tomadas, tem que ver com a regularização das contas, e devido a isso têm vindo a ser pedidas uma série de informações (como facturas, recibos, registos que já se encontram em arquivo) aos serviços de tesouraria do Hospital. O simples cumprimento de uma ordem deste calibre tem transformado a vida das pessoas desse departamento, pois segundo me constou, têm trabalhado por vezes até à meia-noite para conseguir encontrar os papéis que são precisos. Mais do que isso, alguns desses trabalhadores ponderam já pedir baixa devido à chegada esperada do esgotamento cerebral.

Será importante salientar o caso hilariante da chefe de serviço de urgência que apresentou a sua demissão porque alguém da administração, após consultar o livro de ponto desse serviço e constatar que os médicos que já tinham assinado não se encontravam a trabalhar, ter escrito no respectivo livro uma nota acusadora. A querida senhora, sentiu-se de tal forma ofendida nas suas competências que deu logo baixa do seu cargo.

Minha senhora!, numa empresa privada, se isso tivesse acontecido, era imediatamente despedida com justa causa e os seus colegas incumpridores seriam repreendidos severamente, não com chicotadas, mas possivelmente com cortes nos seus bónus salariais ou direitos no interior da empresa.

Monitorizar o cumprimento dos horários é algo extraordinariamente simples, que podia ser resolvido de um dia para o outro e a baixo custo (dado o orçamento de um Hospital). Continuar a insistir no livro de ponto, parece-me mais uma forma alimentar o problema. Claro que todos confiamos no Sr. Dr., afinal de contas trata-se de um pilar da nossa sociedade e nunca seria capaz de tal irresponsabilidade!

Faça-se o que tem que ser feito e instalar sistemas biométricos para controlo de presenças, pontualidade e assiduidade. Caros senhores do “Jornal Verde”, ganhem juizinho e ataquem as noticias pelo lado certo. O mal não está na administração, mas sim na falta de responsabilidade dos senhores doutores.


   Como será viver num país rico? 

Pelo menos uma vez na vida, todos nós já pensamos em como seria bom viver num país rico e evoluído. Num país onde as pessoas não possuíssem problemas de dinheiro e, por conseguinte, pudessem almoçar todos os dias num restaurante. Num país onde as pessoas pudessem, relaxadamente, sentarem-se numa esplanada para tomar um café ou uma cerveja.

Num país rico, é possível construir habitações novas mesmo que existam várias centenas de casas desabitadas em perfeitas condições de habitabilidade. Num país opulento, é possível ignorar o estado decrépito de algumas casas centenárias existentes nos centros históricos das cidades. Num país abastado, o turismo alimenta em grande parte a sua economia. Esse mesmo turismo é de tal forma abundante que os governantes do país não se dão ao trabalho de conservar alguns dos seus monumentos seculares.

Num país rico, as pessoas podem deslocar-se para o trabalho em viatura própria, sem a partilhar com ninguém, em vez de utilizar os transportes públicos.

Num país rico, os solos são férteis e produzem bens em grande abundância com um esforço mínimo por parte dos agricultores. Estes não precisam de se especializar nem de industrializar os seus processos de cultivo pois, com muito pouco trabalho, é possível exceder as necessidades do mercado gerando muitas das vezes um excedente difícil de resolver.

Um país rico possui autoridade e entusiasmo político em quantidade suficiente para se opor às opiniões dos seus países contíguos e criar alianças com países de continentes longínquos. Podem até, virar as costas às organizações internacionais a que pertencem e criar uma guerra com um qualquer país subdesenvolvido afim de queimar algum dinheiro remanescente que doutra forma seria mal empregue.

Num país rico, o governo não se preocupa demasiadamente em cobrar impostos, uma vez que, não necessita desse rendimento para governar. Num país rico, um desportista pode ganhar largos milhares de euros uma vez que o seu clube desportivo está isento de impostos.

Num país rico, as pessoas possuem um grande poder de compra, e por isso, à mínima oportunidade recorrem aos centros comerciais para comprar todo o tipo de bens desnecessários pois não sabem muito bem o que fazer com todo o tempo livre que têm.

Num país rico, as pessoas não se importam de pagar propinas para que os seus filhos possam estudar. Num país rico, os estudantes não necessitam que os transportes públicos sejam gratuitos.

Num país rico, as pessoas preferem comprar medicamentos de marca, ainda que o seu preço seja mais elevado que o dos seus congéneres genéricos.

Num país rico o sistema político é de tal forma perfeito que a população sai à rua em manifestações sempre que alguma lei é alterada.

Por vezes penso que viver num país opulento e evoluído deve ser algo maravilhoso…

   São tempos controversos estes em que vivemos… 

São tempos controversos estes em que vivemos… Tempos em que policias são acusados de corrupção, figuras públicas da televisão são encarceradas por manterem relações sexuais com menores, presidentes de clubes de futebol são acusados de desviar fundos para uso próprio, ministros demitem-se por prestarem favores pouco transparentes aos filhos dos amigos, chefes de bombeiros são despedidos por oferecerem viagens turísticas no helicóptero de combate a incêndios, enfim, os exemplos são muitos e a paciência é pouca…

Não consigo deixar de observar com algum regozijo a comédia burlesca em que a Câmara Municipal de Barcelos se envolveu e a impunidade com da mesma se irá afastar.
Falo das belíssimas obras de recuperação do edifício dos Paços do Concelho. Não há dúvidas que precisava de obras (não mais que o Teatro Gil Vicente) e não há dúvidas que a obra ficou bem feita (pelo menos é o que dizem), o que me deixa desolado é o facto do chico-espertismo à portuguesa ter vindo ao de cima e destruído toda a bondade da intenção.

O dinheiro que financiou as ditas obras foi, em grande parte, oferecido pela comunidade europeia (como, desde já, quase tudo neste país), no entanto, a verba atribuída destinava-se à reconstrução de um hospital, pois é esse o objectivo desse fundo europeu. Usando técnicas apuradas que têm vindo a ser aperfeiçoadas à mais de vinte anos pela Câmara Municipal de Barcelos, foi conseguido que esses dinheiros fossem canalizados para uma construção não prevista pelo regulamento de atribuições.

A forma como o fizeram não é relevante, estou certo que foi ardilosa. Gostava, no entanto, que pensassem no seguinte, o dinheiro que foi indevidamente utilizado no restauro do edifício camarário não poderá ser utilizado na construção ou melhoramento de um qualquer hospital deste país. Isso deixa-me de facto preocupado, pois todos sabemos como vai a saúde por estes lados (como dizia o F. Rocha – vai pela hora da morte!).

Em Itália os passeiros que usufruem dos transportes públicos sem pagar são, carinhosamente, apelidados de “portuguese” e em França ainda sobrevive o estereótipo do pequeno-gordo-malcriado-de-cara-vermelha-que-bate-nos-filhos… Se os portugueses já sofrem de má imagem no estrangeiro, não vão ser atitudes destas por parte de autarcas sem escrúpulos e de, por exemplo, selecções de sub-21 que se dão ao luxo de destruir balneários em jogos internacionais, mesmo que o resultado final do jogo lhes seja favorável, que vão conduzir ao seu melhoramento.

Com atitudes destas por parte de quem deveria, acima de tudo, dar o exemplo, nunca deixaremos de pertencer a este país medíocre, mais africano que europeu, mais corrupto que civilizado.

   Urbanismo sem retorno... 

Num destes dias, estava eu a conversar com um engenheiro civil recém-licenciado quando este me confessa abertamente, em público e sem qualquer pudor, que defendia positivamente o urbanismo praticado em Braga sob a alçada do autarca Mesquita Machado. Fiquei perplexo, embasbacado e olhei em redor para ter a certeza que mais ninguém tinha escutado a desbragada afirmação. A minha reputação em Barcelos é já tão desmesuradamente pequena que, ao ser visto ao lado de tamanho estulto, poderia esvair-se por completo. Mas a conversa continuou, afirmou-me que achava que esse seria o melhor plano para o desenvolvimento da cidade de Barcelos e que essa era uma evidência incontornável.

Acontece que Barcelos sempre foi uma extensão da cidade de Braga, tanto no que diz respeito à política praticada, como nas atitudes dos seus agentes sociais. Só assim se pode justificar a tremenda falta de respeito que a nossa autarquia tem pelo rio Cavado. A Câmara Municipal de Braga não possui uma política de requalificação da sua zona ribeirinha, por isso, a Câmara de Barcelos, por imitação, também não a tem. Por coincidência, e apenas por coincidência, a cidade de Braga não é abençoada por um rio, ou pelo menos, algo que possa ser merecedor desse título e, por isso, nesse aspecto, os dirigentes de Braga estão desculpados.

Mas, voltando ao urbanismo, a construção descontrolada de urbanizações continua a ser a política seguida em Barcelos (e em Portugal de uma maneira geral). Por vezes questiono-me de onde virá tanta gente - a quantidade da oferta de habitação vertical cresce todos dias, no entanto a população é a mesma desde que tenho memória.

O problema em si não reside no facto de as pessoas viverem em prédios. O problema reside no facto de não existir absolutamente nada que ofereça qualidade de vida a essas mesmas pessoas. O que é feito das zonas verdes? O que é feito dos locais seguros para as crianças brincarem? É triste que se comprem apartamentos cuja oferta em temos de vistas seja o prédio contíguo ou o parque de estacionamento.

O urbanismo praticado em Braga vai ser pago de uma forma muito cara e dentro de muito pouco tempo. Constate-se o aumento exponencial da prostituição (basta abrir um jornal e passar os olhos pelos classificados), o trânsito crescente que invade diariamente as magníficas circulares que cortam literalmente a cidade a meio e que são responsáveis pelo maior índice de atropelamentos do país, os assaltos violentos a pessoas que ocorrem praticamente todas as semanas, o crescimento do culto dos centros comerciais e do transporte individual. Mas isto é apenas o início. Dentro de poucos anos, as magníficas urbanizações irão perder a sua aura devido ao inevitável envelhecimento dos materiais e os jovens casais que hoje em dia lá habitam irão migrar para outros locais, o que provocará um evidente baixar das rendas habitacionais. Essas urbanizações serão então povoadas por legiões de desfavorecidos, transformando esses locais em verdadeiros depósitos de humanos que somente servem para fomentar a marginalidade.

Ao contrário do que se possa pensar, este não é o lado negro e inevitável do crescimento de uma cidade. Este é apenas o lado negro que resulta de uma política obtusa e desregulada. O que mais me entristece nisto tudo, e voltando à minha conversa com o tal engenheiro civil, é o facto de se tratar de um recém-licenciado. Um recém-licenciado devia ser um puro, um académico e, no entanto, já se encontra, à nascença, tão poluído como os vigentes alarves que se alimentam este tipo de políticas. Como sou um utópico, acredito sempre que vão ser as novas gerações a concertar o que os nossos pais, pobres incultos, estragaram. Choca-me, por isso, constatar que ainda existem pessoas que se orientam pelos mesmos pensamentos retrógrados e ingénuos que em nada engrandecem a sua curta presença neste mundo.

   Nota de abertura... 

A história do “Barcelos Impopular” remonta a 2001, mais precisamente, a uma noite de Verão e a uma esplanada de café onde eu e um amigo praticávamos, com deleite, o desporto nacional – “descascar” no governo.
Disparávamos acesas críticas em todas as direcções, sobre tudo aquilo que considerávamos errado no país, na sociedade, na cidade de Barcelos e apontávamos indiscretamente o dedo a todos aqueles que considerávamos culpados. A conversa foi contundentemente interrompida por uma questão: - E o que vamos fazer para resolver isso?

Foi então que surgiu a ideia de elaborar uma publicação marginal, redigida em locais secretos, onde pudéssemos manifestar as nossas opiniões. A publicação seria distribuída clandestinamente durante a noite e atingiria Barcelos como uma bomba à medida que a cidade fosse acordando. Estávamos obviamente a sonhar, não tínhamos dinheiro nem tempo para esse tipo de brincadeiras, mas ficou-nos o nome para a publicação – O Barcelos Impopular!

Em Fevereiro de 2003 encontrei um papel rabiscado, há muito esquecido numa gaveta, que continha nada mais do que o protótipo do logótipo do “Barcelos Impopular”. Como possuía na altura algum tempo livre, resolvi pôr a velha ideia em prática moldando um pouco as arestas ao plano original.

Surge assim, o “Barcelos Impopular”, um sítio na Internet onde todos podem participar contribuindo com artigos de opinião, trocando ideias, ideais, denunciando problemas e propondo soluções.

Pretendemos oferecer à comunidade Barcelense um canal privilegiado de comunicação e de debate, para que as conversas de café deixem de ser apenas isso e para que, de uma vez por todas, os habitantes de Barcelos possam ter orgulho da sua cidade.

Qualquer pessoa pode ser colaborador oficial do “Barcelos Impopular”, bastando para isso que manifeste o seu interesse através do endereço de correio electrónico jmaferreira@hotmail.com.

Não existe uma periodicidade estabelecida para disponibilização de novos artigos. Estes irão surgindo à medida que os nossos colaboradores sentirem a necessidade de expandir as suas ideias.

Nunca será demais salientar que neste sítio não existe qualquer tipo de censura ou selecção no que diz respeito às opiniões manifestadas pelos seus visitantes. Existe total liberdade de expressão nos artigos escritos pelos colaboradores, bem como, nas mensagens deixadas como comentários. Será, no entanto, prudente salientar que a Direcção não se responsabiliza pelas declarações individuais dos seus visitantes. Todas as mensagens são da inteira responsabilidade dos seus autores.



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